Nise da Silveira
A psiquiatra Nise da Silveira (1905–1999) foi uma das figuras mais importantes da história da psiquiatria no Brasil e uma pioneira no uso da arte como forma de terapia. Formada pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1931, Nise destacou-se por sua postura humanista e por desafiar os métodos violentos e desumanos utilizados nos hospitais psiquiátricos da época, como o eletrochoque, a lobotomia e o isolamento prolongado.
Em 1946, ao trabalhar no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Rio de Janeiro, Nise criou a Seção de Terapêutica Ocupacional, um espaço onde os pacientes podiam se expressar por meio da pintura, da escultura e de outras atividades criativas. Ela acreditava que a arte permitia o contato com o mundo interior do paciente e revelava aspectos profundos do inconsciente, em uma linha de pensamento inspirada nas ideias de Carl Gustav Jung.
Dessa experiência nasceu o Museu de Imagens do Inconsciente, que reúne milhares de obras produzidas por pessoas em sofrimento psíquico. Para Nise, essas criações não eram simples “delírios”, mas expressões simbólicas de vivências e emoções que não encontravam espaço na linguagem comum.
A arte-terapia, como desenvolvida por Nise da Silveira, tornou-se uma poderosa forma de cuidado, capaz de promover autoconhecimento, comunicação e transformação subjetiva. Seu trabalho contribuiu decisivamente para uma visão mais humana e sensível da loucura, influenciando gerações de profissionais e tornando-se referência mundial no campo da saúde mental.
